Era um domingo bonito, daqueles que o sol bate de um jeito que até parece que Deus tá piscando pra gente. Fernanda, toda cheia de si, resolveu dar uma voltinha no Marco Zero, em Recife. Sabe aquele dia que tu sai só pra espairecer, bater perna e fingir que a vida tá perfeita? Pois bem, foi nesse clima que ela conheceu Cláudio.
O boy era simpático, conversador, meteu logo um papo bom. Deram uma volta, comeram um cachorro-quente raiz (aquele bem honesto, com purê, milho, batata palha e tudo que tem direito) e, claro, trocaram número. Porque nordestina que se preza não perde tempo, mas também não se entrega de bandeja.
Durante a semana, o bendito do Cláudio já veio todo faceiro:
— "E aí, bora sair de novo? Tô doido pra te ver."
E Fernanda, que não é besta, pensou: “Ora, se é pra sair, vamo sair direito!”
Fez o que qualquer mulher sensata faria: banho de loja, unha feita, cabelo na escova, sobrancelha na régua, aquele perfume que custa meio salário mínimo e, claro, a lingerie nova — porque a esperança é a última que morre, né minha gente?
O ponto de encontro? O famigerado restaurante chique do Marco Zero. Ela já foi logo pensando: “Hoje tem!”
Chegou lá, Cláudio já tava se achando:
— “Garçom, manda um chopp aqui... e uns petiscos daqueles, viu?”
Ela, toda plena, pediu só um drink pra dar aquela animada. Conversa vai, risada vem, e a cabeça dela já tava lá na frente… imaginando ele cheirando seu cangote, segurando no cabelo, ela de costa, ele de frente, de lado, de ponta cabeça… enfim, aquele amor selvagem que Deus permite e o motel abençoa.
Mas, minha filha… quando deu a hora da conta, veio a bomba.
O garçom trouxe a conta: R$ 300.
E Cláudio, com a cara mais lavada que banheiro de rodoviária, soltou:
— “Oxente... olha... só trouxe 200... tá faltando 100. E ainda tem o Uber... e o motel, né? Como é que faz?”
Fernanda ficou olhando pra cara dele, deu aquele sorriso amarelo, pensando: “É pegadinha do João Kleber.”
Mas não era, não. Era golpe mesmo.
Respirou fundo, olhou bem no fundo dos olhos do embuste e disparou:
— “Peste! Desgraça! Se tu não tinha dinheiro, pra que me trouxe no restaurante mais caro do Marco Zero? Era só ter me levado pra comer outro cachorro-quente e depois a gente ia pro motel resolver a vida! Eu sou mulher, não sou otária, não!”
Na força do ódio, tirou os 100 conto da bolsa, pagou o restaurante, segurou o orgulho, mas a vontade era jogar o prato na cabeça dele.
E não parou por aí não. O cabra começou a chorar. Isso mesmo, chorou!
— “Me perdoa, Fernanda! Eu gosto tanto de tu! Não sabia que era tão caro... vamo lá pra casa, só a gente dois, fazer um lovezinho...”
Fernanda olhou pra ele, com a paciência de um crente e a raiva de uma mulher traída e respondeu:
— “Ô meu filho, vá tomar vergonha na sua cara! Me respeite! Pegue seu beco!”
E o miserável ainda ameaçou se jogar da ponte.
— “Se tu não for comigo, eu me mato!”
E ela, já com a moléstia no couro, chamou um Uber, botou ele dentro, deixou na porta da casa dele e mandou logo:
— “Fique aí, que eu volto outro dia... pra nunca mais!”
Resumo da ópera: Fernanda pagou o restaurante, pagou o Uber pra levar o embuste pra casa, pagou o dela de volta, ficou sem transar e gastou até o que não tinha.
Moral da história: Mais vale um cachorro-quente sincero do que um jantar gourmet com macho liso.
Gisele tava num domingo entediada, deitada na cama, rolando o Tinder como quem rola boletos: sem expectativa nenhuma, só aceitando o destino. Até que... pá! Match com um tal de Mariano.
O homem... ah, o homem! Lindo. Bonito de doer. Sorriso de artista, corpo de quem malha (ou pelo menos finge), uma moto na foto e aquela legenda clássica de quem é um perigo: "Se for pra somar, bora. Se for pra tumultuar, passa direto."
Começaram a conversar, papo vai, papo vem, emoji de foguinho, de coração, piadinhas, elogios... até que Mariano largou logo uma revelação digna de novela das oito:
— “Gisele, deixa eu te contar um negócio sério... depois que comecei a falar contigo, juro, minha biloca não sobe mais pra nenhuma mulher... só pra tu. Não sei se tu fez alguma macumba, algum feitiço... só sei que só funciona pra tu.”
Gisele, que já tava meio desconfiada, mas também se achando poderosa, respondeu na lata:
— “Oxente, homem... que feitiço, rapaz? Isso é meu charme natural!”
Ele riu, ela riu, e dali pra frente, parecia que o universo tava alinhando tudo pra esse encontro acontecer.
Mariano, no auge da lábia e da cara de pau, mandou:
— “Bora se ver, princesa? Te pego na tua casa, te levo pra dar um rolê na praia, sentir aquela brisa...”
Gisele, que não é boba nem nada, caprichou. Fez skincare, chapinha, botou aquele cropped que valoriza tudo, passou perfume até no joelho, e ficou pronta.
Quando ele chegou de moto, parecia cena de filme. Jaqueta de couro, óculos escuro, aquele sorriso de "vem comigo que tu não se arrepende". Ela subiu na moto e eles foram direto pra praia.
Sentados na areia, Mariano segurou a mão dela, olhou nos olhos e largou mais uma:
— “Sério, nunca senti isso por ninguém... Eu acho que isso é amor, ou magia. Porque minha biloca... menina... só sobe pra tu! Tá acontecendo algo sobrenatural aqui.”
Gisele, segurando o riso, pensou: “Se essa biloca tá encantada, vamos testar se é verdade...”
Foi aí que ele, todo sedutor, completou:
— “Bora pro motel? Quero provar que é só contigo que ela funciona.”
E é claro... ela topou.
Capítulo 2 — O Motel, o Pastel e a Gasolina
Gisele, toda empolgada, subiu na garupa do Mariano com aquele pensamento: “Hoje eu provo se essa biloca é realmente exclusiva ou se é só conversa de macho sem vergonha.”
Chegaram no motel. E, minha filha… pode falar o que for, mas a biloca tava de fato encantada. Funcionou direitinho, direitinho! Foi ali, no colchão de couro sintético, que eles confirmaram que o negócio era sério… ou pelo menos parecia.
Terminado o momento de amor, suor e emoção, Gisele, deitada de lado, vira pra Mariano e diz com a voz manhosa:
— “Amor… tô com sede. Tem uma aguinha aí, não?”
Eis que o boy, no auge da economia e da cara de pau, responde:
— “Água? Mulher, água aqui é cinco conto! Se quiser, vai ali na recepção e compra. Eu não vou gastar com isso, não. Só trouxe dinheiro pra pagar o quarto.”
Gisele piscou três vezes. Riu de nervoso, de indignação e de fome, porque o suco do amor abriu até o apetite.
Saíram do motel e, na esquina, tinha uma feirinha rolando. Ela olhou e disse:
— “Para ali, vou comprar um pastel e uma água pra ver se me acalmo.”
E é nesse momento que Mariano se supera na audácia e solta essa:
— “Aproveita, compra dois pra mim, um pra meu filho e outro pra minha mãe… que é pra eu levar pra casa.”
Gisele ficou em choque, olhando pra cara dele, pensando: “É sério que eu virei o iFood da família dele?” Mas respirou fundo, engoliu a dignidade, o orgulho e foi. Comprou os pastéis, a bendita água e voltou com a sacola.
Quando achou que pelo menos a carona pra casa seria tranquila, Mariano, com aquela cara lavada, falou:
— “Então… pra eu te deixar na tua casa, cê vai ter que colocar gasolina na moto, viu? Tá na reserva já...”
Gisele olhou pra ele, olhou pra moto, olhou pros pastéis na sacola e pensou: “Se essa biloca é exclusiva, eu sou a investidora oficial dela!”
Capítulo Final — A Vingança de Gisele: Biloca Nunca Mais Subiu
No caminho pra casa, com a cara mais fechada que porta de banco em feriado, Gisele ficou refletindo:
"Gastei gasolina, paguei pastel pra ele, pro filho e pra mãe dele… e ainda tive que aguentar aquele sexo ruim, que sinceramente, nem valeu a maquiagem que eu fiz!"
Porque sim, minha filha… a biloca encantada era só papo! O negócio mal subiu, e quando subiu... foi um sobe e desce mais decepcionante que salário caindo na conta e sumindo em cinco minutos.
Pra piorar, o homem não pagou nem uma água. UMA ÁGUA! Nem pra hidratar a guerreira que estava ali, tentando salvar aquele encontro desastroso.
Chegando em casa, Gisele olhou no espelho, segurou a própria cara e disse pra si mesma:
— “Nunca mais, Gisele… nunca mais tu cai numa dessas. Mas ele não vai sair ileso, não.”
No outro dia, ele mandou mensagem, todo faceiro, achando que ela tava apaixonada:
— “E aí, princesa… quando vamos repetir aquele nosso momento mágico?”
E ela, na lata:
— “Mágico? Mágico foi eu não ter morrido de sede e fome, né? Porque tu não pagou nem uma água, homem! E aquele teu negócio... olha… se isso é feitiço, é feitiço de impotência, viu?”
Ele ficou sem reação. Aí ela soltou a bomba final:
— “E outra… eu espero que aquele pastel tenha valido, porque foi a única coisa que prestou naquele rolê. E gasolina na tua moto? Só se for pra te levar pro terreiro, pra ver se tiram esse encosto de pão duro e brocha que tu carrega!”
BLOQUEOU. SUMIU. DELETOU. E jurou pra si mesma que daquele dia em diante só aceita rolê com comida paga, água liberada e biloca funcionando — porque, no mínimo, ela merece!
Gisele seguiu plena, diva, maravilhosa, e jurou: “Agora, se for pra me iludir, que seja num rodízio, bem alimentada e hidratada.”
Título:O Baile, os Gemidos e o Odor – O Date Que Nunca Devia Ter Acontecido
Larissa decidiu mudar de vida. Saiu da sua cidade e foi morar no Rio de Janeiro com o irmão e a cunhada. Tudo novo, tudo diferente. Pra animar a chegada, o casal levou Larissa pra um baile funk — afinal, se é pra viver, que seja com emoção.
No meio do pancadão, luzes piscando e a batida rolando solta, a cunhada apresentou Larissa a uma amiga: Vivi. Rolou aquele papo gostoso, risadas, olhares, mas a noite terminou só na conversa. Nem número trocaram.
Mas Vivi ficou impactada. Larissa virou pensamento fixo. Não deu nem 24 horas, Vivi foi atrás da cunhada:
— Pelo amor de Deus, me passa o telefone de Larissa!
E foi aí que começou. Primeiro mensagens carinhosas, depois beijos por texto, e, de repente… virou fogo puro! Era amor por telefone, gemidos digitais, fantasias narradas… um verdadeiro filme adulto via WhatsApp.
Até que Vivi, tomada pelo desejo, soltou:
— Vem aqui em casa.
Larissa, na expectativa do encontro perfeito, foi. Chegou às 15h da tarde. A campainha tocou, e quem abre? Vivi… toda descabelada, cara de quem brigou com o travesseiro, sem escovar os dentes, parecendo que saiu de um furacão.
Mesmo assim, cheia de atitude, Vivi nem esperou:
— Bora namorar.
Larissa, com aquele sorrisinho amarelo, respirou fundo e foi sensata:
— Amor… escova os dentes, toma um banho… aí a gente namora melhor, né?
Vivi foi… foi pro banheiro, demorou uns minutos, mas parecia que tava resolvendo a crise mundial lá dentro. Quando voltou, Larissa já tava deitada na cama, esperando, meio ansiosa, meio desconfiada.
Eis que Vivi, vestida, sobe em cima dela, começa a se esfregar feito quem limpa vidro, e de repente solta uns gemidos tão altos, tão desesperados, que Larissa pensou: “Meu Deus, os vizinhos devem achar que eu tô matando um bode aqui dentro.”
Só que o pior não era isso. O problema estava no ar… um cheiro vindo da região íntima de Vivi que parecia ter saído diretamente das profundezas do esgoto de Madureira. E, somado a isso, o bafo matinal da gata que, spoiler, não tomou banho e nem viu uma escova de dentes.
Larissa ficou passada, chocada, travada, quase em transe. Olhou pros lados, respirou com a boca (porque pelo nariz, impossível) e soltou:
— Eu… vou ali no banheiro rapidinho, tá?
E do banheiro, Larissa fez a única coisa sensata: pegou sua bolsa, abriu a porta da sala e foi embora. Nunca mais! Sumiu, desapareceu, bloqueou, deletou e jogou sal grosso no WhatsApp.
Moral da história: amor por telefone é lindo… mas o cheiro é só presencial.
Título: Cuscuz, Descarga e Beijos Ruins – O Pior Date da Vida de Taty
Taty, uma mulher divertida, bem resolvida e dona de um coração livre, resolveu se aventurar no mundo do Tinder. Depois de alguns matches sem sal, apareceu ela… a misteriosa, charmosa e aparentemente interessante “Patrícia”. A conversa fluiu, risadas surgiram e, sem muita enrolação, o convite foi direto: “Vem aqui em casa, bora se conhecer melhor…”
Taty, que não é mulher de recusar um bom encontro, colocou sua melhor roupa, passou aquele perfume irresistível e partiu. Chegando lá, nem deu tempo de muita conversa. O clima esquentou, os olhares se cruzaram, e logo as duas estavam se agarrando, se perdendo entre carícias e desejos. Foi aquele amor suado, intenso e, bem… digamos que “foi”.
Terminada a maratona, Taty, sempre gentil, perguntou:
— Tá com fome?
— Não — respondeu Patrícia, toda plena.
— Vou fazer um cuscuz com ovo pra mim e pras minhas cachorras. Você quer?
— Não, não, obrigada.
Enquanto Taty ia pra cozinha preparar o quitute nordestino, Patrícia seguiu pro banheiro. E foi ali que começou o verdadeiro pesadelo. A mulher não só fez cocô, como deixou a cena completa: descarga não foi acionada, tampa levantada e, pra coroar, a porta do banheiro escancarada, permitindo que o cheiro invadisse todos os cômodos como um aviso do universo: “Fuja!”
Taty, incrédula, perguntou:
— Você… fez isso e não deu descarga?!
Com a maior cara lavada, Patrícia respondeu:
— Eita, desculpa… é que na minha casa é minha mainha que dá descarga pra mim…
Sim, você leu certo. A mainha que dá descarga.
Taty respirou fundo, segurou a educação e, no auge da paciência, foi limpar o banheiro. Afinal, dignidade acima de tudo. Voltou pra cozinha, pronta pra comer seu merecido cuscuz com ovo junto das cachorras. Mas, ao olhar pra mesa, levou o golpe final: Patrícia estava lá, se empanturrando do cuscuz todo e do ovo inteiro, sem deixar NEM UMA MIGALHA pra Taty — muito menos pras pobres das cachorras, que olhavam indignadas.
E como se tudo isso não bastasse, o beijo… ah, o beijo… Era simplesmente um desastre. Molhado, estranho, descoordenado. Se existisse prêmio de pior beijo do ano, era dela, sem discussão.
Taty, naquele momento, só pensava em uma coisa: “Por que, meu Deus, eu não deletei o Tinder ontem?”
Moral da história: antes do date, peça foto da privada da pessoa.
O sol da manhã atravessava os vitrais da pequena igreja, projetando cores no chão de pedra. Fátima ajoelhava-se, como fazia todos os dias, em frente ao altar de Nossa Senhora. Seus lábios murmuravam preces, mas seu coração estava inquieto. Desde que conhecera Padre Victor, nada mais era como antes.
Ele surgiu na paróquia há cerca de três meses, vindo de outra cidade. Jovem, de sorriso sereno e olhar acolhedor, rapidamente conquistou a comunidade. Mas foi no coração de Fátima que ele acendeu algo mais forte.
— “Bom dia, Fátima.” — a voz dele soou atrás dela, suave, porém firme.
Ela se levantou apressadamente, ajeitando o véu branco que cobria seus cabelos.
— “Bom dia, padre.” — respondeu, tentando disfarçar o rubor que tomava seu rosto.
Os dois trocaram olhares por um instante que pareceu eterno. Victor desviou, pigarreou, e prosseguiu:
— “Preciso de ajuda na organização da catequese. Você poderia me auxiliar?”
Os dias seguintes foram de trabalho conjunto. Arrumavam livros, preparavam o salão, organizavam os encontros. A cada conversa, Fátima descobria mais sobre aquele homem que, apesar de carregar a batina, transbordava humanidade.
Certa tarde, enquanto colavam cartazes na parede, seus dedos se tocaram. Um choque percorreu ambos, que se entreolharam, surpresos e assustados. Nenhum deles falou sobre aquilo, mas desde então, tudo mudou.
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Parte 2 – O Conflito
No silêncio do convento, Fátima chorava em sua cela. Ajoelhada, segurava um terço com tanta força que seus dedos tremiam.
— “Meu Deus… por que colocaste esse sentimento em meu coração? Eu só queria te servir… só queria te amar acima de tudo. Mas... por que sinto isso?” — suas palavras se perdiam no vazio do quarto.
Do outro lado, Padre Victor também lutava contra seus próprios pensamentos. Diante do crucifixo, apertava os olhos, buscando uma resposta que não vinha.
— “Senhor… eu sou teu servo. Fiz votos, entreguei minha vida… então por que meu coração dispara quando vejo Fátima? É pecado, Senhor? Ou é amor?”
Os dias seguintes foram de silêncio entre eles. Ambos tentaram se afastar, evitar olhares, não mais buscar motivos para estarem juntos. Mas o destino parecia querer o contrário.
Certa noite, após a missa, Fátima estava sozinha na sacristia, organizando os cálices, quando Victor entrou.
— “Fátima...” — sua voz saiu rouca.
Ela se virou, assustada, e, ao vê-lo tão perto, seus olhos se encheram de lágrimas.
— “Eu... eu não posso mais, padre. Isso está errado...”
Ele se aproximou, segurando suas mãos trêmulas.
— “Por favor... me chama de Victor. Só... Victor.”
O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pela respiração ofegante dos dois. Até que, tomado pela coragem ou pela fraqueza do momento, Victor deslizou a mão pelo rosto dela e sussurrou:
— “Me perdoa... mas eu não consigo mais esconder o que sinto.”
E, sem mais resistir, seus lábios se encontraram. Foi um beijo carregado de urgência, de medo, de desejo e de culpa. Quando se separaram, ambos tremiam.
— “Isso é um pecado... ou é amor, Victor?” — Fátima perguntou, com a voz embargada.
Ele respirou fundo, olhando nos olhos dela.
— “Talvez... seja os dois.”
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Parte 3 – A Escolha
Naquela noite, os dois sabiam que não podiam mais ignorar o que sentiam. Sentaram-se no banco da capela, de mãos dadas, e falaram sobre tudo. Sobre a vida, os sonhos, a fé e o amor.
Victor revelou que já carregava dúvidas em seu coração. Que, mesmo antes de conhecer Fátima, às vezes se perguntava se a vida celibatária realmente era o caminho que Deus queria para ele. E agora, com ela, tudo fazia menos sentido.
— “Fátima... eu te amo. E não sei se consigo seguir fingindo que não sinto isso.” — disse, com lágrimas nos olhos.
— “E eu... eu te amo, Victor. Mas tenho tanto medo. Medo de decepcionar minha família, de desonrar a igreja, de não estar fazendo a vontade de Deus.”
Ele segurou seu rosto, olhando-a com ternura.
— “Talvez... amar seja também uma forma de servir a Deus. De viver o amor que Ele nos ensinou.”
Na semana seguinte, os dois tomaram uma decisão. Procuraram o bispo da diocese. A conversa foi difícil, tensa, cheia de julgamentos, olhares duros e palavras pesadas. Mas também houve compreensão. Afinal, a Igreja é feita de homens — e homens são falhos, humanos, feitos de carne, alma e coração.
Victor deixou a batina. Fátima, o convento. E juntos, decidiram construir uma nova vida, baseada na fé, no amor e na esperança.
Quando se casaram, na mesma igreja onde se conheceram, as lágrimas não foram de tristeza, mas de emoção. Muitos fiéis estavam lá, aplaudindo, sorrindo. Porque, no fim, todos entenderam que o amor — o verdadeiro amor — também é sagrado.
Laura, aos 27 anos, era professora de literatura em um cursinho. Sempre muito profissional, apaixonada pela arte das palavras e pela missão de ensinar. Seu mundo era organizado, previsível… até conhecer Júlia.
Júlia, com seus 18 anos recém-completados, era nova na cidade. Chegou tímida, mas com uma energia encantadora. Seus cabelos cacheados, seus olhos castanhos vibrantes e sua forma de mergulhar nos poemas chamaram imediatamente a atenção de Laura.
A cada aula, os olhares se cruzavam mais. A professora tentava ignorar aquela sensação estranha, aquele frio na barriga que surgia sempre que Júlia sorria. Mas algo estava, definitivamente, diferente.
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Capítulo 2 — Aproximações
Com o passar das semanas, Júlia começou a ficar até mais tarde no cursinho. Dizia que era para tirar dúvidas, mas ambas sabiam que havia algo além.
As conversas sobre literatura foram dando lugar a diálogos mais pessoais: sonhos, medos, gostos, vida. Laura descobriu que Júlia adorava música, fotografia e tinha um olhar sensível para o mundo.
Numa dessas tardes, enquanto falavam sobre o amor nos poemas de Florbela Espanca, Júlia olhou nos olhos da professora e perguntou baixinho:
— Você acha errado... se apaixonar por alguém que... não deveria?
O silêncio que se seguiu dizia tudo. Os corações batiam acelerados, mas nenhuma ousou cruzar a linha — ainda.
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Capítulo 3 — O Beijo Proibido
Naquela sexta-feira, o cursinho estava quase vazio. Júlia apareceu com um livro em mãos, dizendo que queria entender melhor um poema.
Enquanto Laura explicava, notou que Júlia não prestava mais atenção nas palavras, mas sim nos seus lábios. O clima ficou pesado, denso... carregado de desejo e tensão.
— Professora... — Júlia sussurrou — Me desculpa, eu não consigo mais fingir...
Antes que Laura pudesse reagir, Júlia se aproximou e a beijou. Foi um beijo suave, mas cheio de desejo reprimido. Laura, por um instante, se permitiu. Correspondeu. Seus lábios se encaixaram como se pertencessem uma à outra.
Quando se separaram, ambas estavam ofegantes.
— Isso é errado... — Laura disse, mas sua voz não tinha convicção.
— Errado é mentir pro que sentimos — respondeu Júlia, segurando a mão dela.
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Capítulo 4 — Segredos e Decisões
Após o beijo, a tensão só aumentou. Elas sabiam que precisavam ser discretas. A sociedade não entenderia, e Laura tinha medo de perder seu emprego.
Elas começaram a se encontrar fora do cursinho, em cafés distantes, praças escondidas. Cada encontro era cheio de cumplicidade, risadas, carinhos e, claro, beijos roubados.
Mas o medo também estava presente. Laura passou noites em claro, questionando se aquilo era certo. Até que um dia, Júlia segurou seu rosto e disse, olhando bem dentro dos seus olhos:
— Eu não vou desistir de você. Quando eu te olho, professora... eu não vejo erro. Eu vejo amor.
Foi naquele momento que Laura percebeu que não adiantava lutar contra algo tão verdadeiro.
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Capítulo 5 — Amor Sem Medo (Final)
O tempo passou. Júlia terminou o cursinho e foi aprovada no vestibular de Letras — queria ser professora, assim como Laura, sua maior inspiração.
Quando deixou de ser oficialmente sua aluna, as duas não precisaram mais se esconder. Assumiram o amor que floresceu entre livros, poesias e olhares apaixonados.
Os colegas de trabalho de Laura estranharam no início, mas logo perceberam que ali havia amor genuíno. A família de Júlia também precisou de tempo, mas ao verem a felicidade da filha, aceitaram.
Hoje, Laura e Júlia dividem não só uma casa cheia de livros, quadros e plantas, mas também uma vida construída com amor, cumplicidade e respeito. O que começou como um amor improvável se transformou em uma história linda, intensa e, acima de tudo, verdadeira.
Clarice nunca tinha usado o Tinder com tanta curiosidade. Após anos de relações frustradas com homens, ela decidiu se permitir uma nova experiência. Era bissexual, mas nunca havia ficado com uma mulher — só fantasiado. Até que apareceu Adele.
Adele tinha um sorriso malicioso, cabelos curtos e negros como noite sem lua. Tinha o tipo de olhar que despia a alma e fazia o corpo arrepiar só pela troca de mensagens. Desde o primeiro “Oi”, Clarice sentiu algo diferente.
Conversavam todos os dias. Clarice era autista, e desde o início deixou claro quem era: sincera, direta, sensível. Adele gostava disso. Não precisava adivinhar intenções ou lidar com joguinhos. Havia uma honestidade crua ali, que a excitava.
— Sabe… tem algo que preciso te contar — Clarice disse em um áudio, um pouco envergonhada. — Faz um mês que minha menstruação não desce… E não, eu não tô grávida. Eu só… tô travada, sei lá.
Adele ouviu e sorriu. A resposta veio imediata:
— Se quiser, eu posso resolver isso com você. Sexo às vezes ajuda o corpo a liberar o que tá preso… E eu sou boa em fazer as coisas fluírem.
Clarice ficou muda. O coração batia rápido. Adele estava falando sério?
— Tá me oferecendo sexo terapêutico? — brincou, rindo nervosa.
— Terapêutico, quente, intenso. Você escolhe o nome. Mas se quiser, eu passo aí amanhã.
Clarice respirou fundo. Aquela mulher sabia o que queria e não tinha medo de dizer. Isso a deixava ainda mais excitada.
— Só tem uma coisa… — Clarice escreveu depois de um tempo. — Eu gosto de fazer de quatro.
Adele respondeu com um emoji de diabo e a frase:
— Então é assim que eu vou te fazer sangrar de prazer.
Capítulo 2 – Sangrar de Prazer
Clarice esperou com o coração acelerado. A casa estava limpa, mas seu corpo, em caos. Vestiu uma camisola fina, quase transparente, por baixo de um roupão. Queria estar confortável… e provocante. A campainha tocou às 21 horas.
Adele entrou com um olhar que incendiava. Não precisou dizer nada. As mãos deslizaram pelo rosto de Clarice, e o beijo veio cheio de fome. Línguas dançando, corpos colando, e um arrepio que corria da nuca até entre as pernas.
— Você é ainda mais linda ao vivo — sussurrou Adele, puxando o cinto do roupão com um só movimento.
Clarice mordeu o lábio. Sua camisola caiu pelos ombros como seda fugindo da pele. Adele a deitou no sofá e percorreu o corpo com a boca, lenta, saboreando cada suspiro.
— Relaxa… eu vou cuidar de tudo — disse, puxando Clarice pela cintura até deixá-la de quatro sobre o estofado.
Clarice gemeu baixo. Era sua posição favorita. Vulnerável e poderosa ao mesmo tempo. Adele a segurou com firmeza, as unhas cravando de leve na pele. Beijos, lambidas, mordidas suaves… até a língua quente deslizar onde ela mais precisava.
— Ai… Adele… — Clarice arqueou as costas.
Adele explorava cada centímetro, saboreando o mel que escorria. E quando os dedos vieram, firmes e molhados, Clarice gritou. Um grito rouco, contido, de quem segurava a vida ali entre as coxas.
Movimentos ritmados, pressão no ponto certo. Adele era mesmo experiente. E quando os gemidos se tornaram tremores, o corpo de Clarice se abriu como flor no calor.
— Isso… deixa vir… deixa fluir — Adele sussurrava enquanto sentia Clarice se desfazendo nos próprios espasmos.
E então, minutos depois, ela sentiu. O calor, o líquido… o sangue. Sua menstruação havia descido.
Clarice riu, aliviada, com lágrimas nos olhos e pernas trêmulas.
— Você… realmente me fez sangrar de prazer.
Adele lambeu os dedos com provocação.
— Isso foi só o começo, Clarice.
Capítulo 3 – A Primeira Vez de Verdade
Clarice mal conseguia respirar direito depois do primeiro orgasmo. Seu corpo ainda tremia, e o gosto de Adele em sua pele parecia ter despertado todos os sentidos. Mas Adele não tinha terminado.
— Eu disse que ia te fazer sentir — ela sussurrou, pegando a mochila que havia trazido.
De dentro, tirou um packer com cinta. O volume firme e provocante fez os olhos de Clarice brilharem. Aquilo era novo. Aquilo era ousado. E ela queria.
— Já ficou assim antes? — Adele perguntou, com um sorriso perigoso nos lábios.
Clarice balançou a cabeça, ainda de quatro, com o bumbum empinado, convidativo.
— Nunca… mas quero. Quero com você.
Adele encaixou o brinquedo e se aproximou por trás. Segurou os quadris de Clarice, deslizou a ponta do packer entre os lábios molhados e quentes da outra, provocando-a com leves toques, esfregando devagar, deixando o desejo subir até quase doer.
— Tá muito molhadinha… pronta pra mim — murmurou.
E então, com calma, começou a penetrá-la. Centímetro por centímetro, sentindo Clarice se abrir, gemer, arrepiar. E não havia dor. Só calor. Só prazer.
— Ai, Adele… que delícia… — Clarice gemeu, a voz rouca, quebrada de tesão. — Tá muito gostoso… nunca ninguém me fez gostar assim… nunca…
Adele acelerou os movimentos, segurando firme, batendo com força. O som dos corpos se chocando enchia a sala. Clarice se entregava completamente, gemendo alto, dizendo coisas que nunca pensou que diria.
— Com homem sempre doía… nunca gozava assim… com você… com você é diferente… — dizia entre gemidos, a testa colada no sofá, os dedos cravados no estofado.
Adele se inclinou e começou a chupar a nuca de Clarice, as costas, enquanto a penetrava com força e precisão. Depois parou por um instante e desceu com a boca entre as pernas dela.
Clarice arqueou as costas com um grito.
— Meu Deus… você tá me chupando…
— Sim… e vou te fazer gozar na minha língua — Adele disse, com a voz baixa e cheia de luxúria.
Clarice nunca tinha sido chupada antes. Nunca. Mas ali, com Adele, tudo fazia sentido. Os lábios, a língua, o jeito como ela sugava o clitóris com fome e cuidado ao mesmo tempo.
E então veio o primeiro orgasmo… depois o segundo… e o terceiro. Clarice gozava em ondas, os gemidos ficando mais altos, mais desesperados, até o corpo não aguentar mais.
Ela caiu de lado, suada, com o coração disparado.
— Eu nunca… nunca… senti isso — sussurrou, ofegante. — Com você… é como se eu estivesse viva de verdade.
Adele deitou ao lado dela, beijando seus ombros com carinho.
— Isso é só o começo, Clarice. Eu quero te mostrar o que é prazer de verdade… todas as noites que você quiser.
Capítulo 4 – Escorrendo Desejo
Clarice ainda estava deitada, suada, os músculos relaxados, mas os olhos acesos. Adele a puxou pela mão, com aquele sorriso de quem ainda tinha planos.
— Vem, vamos tomar um banho. Eu quero sentir você escorrendo debaixo d’água.
Clarice sorriu, envergonhada e excitada. Seguiu Adele até o banheiro. A água quente já caía do chuveiro quando as duas entraram, nuas, os corpos colados, os olhos cheios de fome.
O vapor tomava o ambiente, tornando tudo mais íntimo, mais envolvente. Adele encostou Clarice na parede azulejada, deixando a água escorrer por seus seios, barriga, coxas. A imagem era de tirar o fôlego.
— Você é linda… toda minha — Adele murmurou, antes de beijar Clarice com força.
As mãos escorregavam com o sabonete, mas logo deixaram de lado qualquer cuidado e passaram a explorar. Adele ajoelhou-se sob o chuveiro, sentindo a água bater nas costas enquanto sua boca descia outra vez entre as pernas de Clarice.
— De novo? — Clarice perguntou, ofegante, com um meio sorriso.
— Eu não me canso de te provar — respondeu Adele, antes de chupar o clitóris com firmeza.
Clarice gemeu alto, o som ecoando no banheiro. Segurou nos cabelos molhados de Adele, puxando, guiando, implorando. As pernas tremiam, mas ela não queria parar. Nunca.
— Assim… isso… Adele… tá tão gostoso… ai, meu Deus…
A água quente misturava-se aos líquidos do corpo, aos gemidos, aos suspiros. Adele colocou dois dedos dentro dela, mantendo a pressão perfeita enquanto chupava com vontade. Clarice veio mais uma vez, o corpo todo tremendo.
Mas Adele não parou. Levantou, a encostou de costas na parede, levantou uma das pernas de Clarice, apoiando-a no seu quadril, e a penetrou ali mesmo com o packer, firme e fundo.
Clarice gritou. O som abafado pela água e pelo beijo que Adele deu em sua boca.
— Ai, Adele… tá me fodendo debaixo do chuveiro… — ela sussurrou, enlouquecida.
Adele a segurava forte, entrando com tudo, sem parar, enquanto a água quente lavava os corpos suados. O barulho da pele molhada se chocando era hipnotizante.
Clarice gozou de novo, apertando o ombro de Adele, gemendo alto, com o rosto colado no pescoço dela.
Quando tudo terminou, as duas ficaram abraçadas sob o chuveiro, os corpos exaustos, mas os corações acesos.
— Eu achava que sabia o que era prazer… — Clarice sussurrou. — Mas você me mostrou que era só o começo.
Adele a beijou nos lábios, carinhosamente.
— E eu ainda tenho muito mais pra te ensinar, minha doce Clarice.
Capítulo 5 – Massagem Quente
O sol entrou pelas frestas da cortina e encontrou os corpos de Clarice e Adele ainda largados na cama. A noite anterior tinha sido intensa. Longa. Suada. Barulhenta. E agora, ambas sentiam como se tivessem feito uma maratona.
Clarice se espreguiçou e gemeu baixinho, com as mãos na lombar.
— Ai… parece que fui atropelada por um caminhão de prazer — brincou, rindo.
Adele sorriu, com a xícara de café na mão.
— Isso é o que acontece quando você goza umas seis vezes na mesma noite. E no banho.
— Tô toda dolorida, sério. Parece que malhei pesado.
Adele se aproximou com um brilho no olhar.
— Deita ali na cama, de bruços… vou te fazer uma massagem. Relaxa que eu sei cuidar direitinho.
Clarice obedeceu, usando apenas um shortinho leve e uma blusa solta. Se deitou de bruços, o bumbum empinado chamando atenção. Adele pegou um frasco de óleo e subiu na cama com ela, sentando-se ao lado, despejando o líquido quente nas costas de Clarice.
As mãos de Adele começaram a deslizar devagar pelos ombros, espalhando o óleo com movimentos firmes, sensuais. Subia e descia pelas escápulas, pressionava com os polegares, relaxando cada músculo tenso.
— Nossa… — Clarice murmurou, arrepiada. — Ninguém nunca fez isso comigo…
Adele se inclinou, sussurrando no ouvido dela:
— Eu gosto de cuidar… e você merece prazer em cada detalhe.
As mãos desceram pela cintura, pela lombar… até que, com naturalidade, Adele escorregou os dedos por dentro do short de Clarice. A pele estava quente, a respiração acelerada. E quando ela tocou entre as pernas, sentiu a umidade escorrer.
— Já tão molhadinha de novo? — provocou, com um sorriso malicioso.
Clarice apenas gemeu, mordendo o travesseiro.
— É você… só de sentir suas mãos, eu fico assim…
Adele continuou com os dedos, deslizando devagar, brincando com o clitóris de Clarice enquanto ela se contorcia na cama. Os quadris rebolavam, pedindo mais.
Sem dizer uma palavra, Adele levantou, vestiu o packer, puxou o short de Clarice com a calcinha de uma vez, deixando-a nua, de bruços. Subiu em cima dela, encaixando-se por trás, e penetrou fundo.
Clarice gemeu alto, o rosto enterrado no lençol.
— Aahhh… Adele… tá tão bom… — gemeu, arqueando as costas.
Adele segurava firme na cintura dela, metendo devagar no começo, depois acelerando, enquanto a cama rangia e os gemidos se intensificavam. Os corpos se encontravam com força e desejo.
— Assim… isso… mete mais… — Clarice pedia, desesperada por mais prazer.
Adele obedecia, metendo fundo, cada vez mais forte, cada vez mais profunda, sentindo o corpo de Clarice se render, se abrir, se entregar por completo.
— Gosta assim, safadinha? — Adele sussurrava, mordendo de leve a nuca dela.
— Gosto… gosto muito… com você é diferente… é gostoso de verdade!
Adele continuou até sentir Clarice explodir mais uma vez em gemidos, tremores e respiração ofegante. Depois de alguns minutos, ambas estavam deitadas lado a lado, suadas, exaustas e completamente saciadas… por enquanto.
— A gente ia tomar café, né? — Clarice riu, com a voz rouca.
— Isso aqui foi melhor que qualquer pão com ovo — respondeu Adele, beijando a testa dela.
Capítulo 6 – Um Dia Todo Nosso
Depois da manhã de prazer, as duas finalmente conseguiram tomar café — ou algo parecido com isso. Entre mordidas em frutas e beijos demorados, riam das dores gostosas nos músculos e trocavam olhares cúmplices.
— A gente se conheceu no Tinder… olha onde viemos parar — Clarice disse, rindo.
— E ainda vai muito mais longe — respondeu Adele, com firmeza.
O dia seguiu com pequenas carícias, conversas sobre passado, inseguranças, confissões suaves. Clarice contou mais sobre os relacionamentos difíceis com homens, como sempre se sentiu usada e mal compreendida.
— Eu sempre tive medo de não ser suficiente… ou de ser demais. Você me faz sentir no meu tamanho certo — ela disse, com os olhos cheios.
Adele pegou a mão dela e beijou com carinho.
— Você é linda. Intensa. E eu quero descobrir cada pedaço de você, por dentro e por fora.
Mais tarde, decidiram tomar banho juntas de novo — desta vez, com calma, ensaboando uma à outra, trocando risadas, toques leves e beijos longos. Não houve penetração, mas o clima foi carregado de tensão sensual.
A conexão era mais do que física.
Era entrega.
Era descoberta.
E ambas sabiam que não era só mais uma noite.
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Capítulo 7 – Fim (ou Começo)
O domingo caiu, e as luzes da cidade começaram a acender. Clarice estava sentada na cama, apenas com uma camiseta de Adele, observando a janela com um sorriso bobo no rosto.
Adele veio por trás, envolveu-a com os braços e encostou o rosto em seu ombro.
— O que foi?
— Nada… só pensando como minha vida mudou em poucos dias.
Adele a virou de frente e a beijou devagar.
— Ainda vai mudar muito mais.
— Isso aqui é real pra você? — Clarice perguntou, um pouco tímida.
— É mais real do que qualquer coisa que tive antes. Você me acende, Clarice. Me desafia. Me inspira. E me deixa louca de tesão — disse, rindo com um beijo quente.
Clarice mordeu o lábio.
— E agora?
Adele sorriu, deitou-a na cama e tirou a própria blusa.
— Agora… é só o começo.
Elas se amaram mais uma vez naquela noite. Com paixão. Com fogo. Com carinho. E quando terminaram, adormeceram entrelaçadas, os corpos colados, os corações acelerados.
E no silêncio escuro do quarto, ficou claro para ambas:
O que começou como um encontro casual, se tornou algo inesquecível.
A semana começara como todas as outras: café preto, relatórios acumulados e o zumbido contínuo dos teclados. Letícia já estava acostumada com a rotina corrida da agência de marketing. Era boa no que fazia — rápida, criativa e impecável com prazos. Mas aquela segunda-feira trouxe algo diferente. Ou melhor, alguém diferente.
Rubem entrou pela porta com um crachá ainda reluzente pendurado no pescoço. O gerente o apresentou rapidamente: novo analista de mídias sociais. E bastou um sorriso dele para que o ambiente, antes monótono, ganhasse novas cores.
Letícia estava ao lado da impressora quando o viu de verdade. Corpo definido sob a camisa social, barba bem aparada, olhos castanho-escuros que pareciam guardar segredos. Ele passou por ela e disse um simples “bom dia” — mas sua voz grave reverberou por todo o corpo dela como um sussurro proibido.
Tentou ignorar. Não era adolescente. E sabia, pelas fofocas do RH, que ele tinha namorada. Bonita, loira, influencer — claro. Mas ao longo do dia, cada vez que ele passava perto, Letícia sentia aquele arrepio familiar percorrer a espinha.
Ela se odiava um pouco por isso.
À tarde, durante uma pausa no café, ele puxou assunto.
— Essa máquina de café é traiçoeira, né? Sempre promete mais do que entrega.
Letícia sorriu, surpresa com a tentativa casual de conversa.
— Assim como algumas campanhas — respondeu, brincando.
Rubem riu. E foi ali, entre goles mornos e olhares rápidos, que algo silencioso começou a se construir.
Ela voltou para a mesa pensando em como o coração dela parecia mais acelerado do que o normal. Só atração física, disse a si mesma. Mas no fundo, sabia que era mais. Um tipo de perigo sutil, envolto em perfume amadeirado e charme contido.
E ela já começava a cair.
Capítulo 2: Desejo em Silêncio
Letícia não era do tipo que se deixava levar facilmente. Mas desde que Rubem aparecera naquele escritório, seu autocontrole parecia ter entrado em greve.
Os dias seguintes foram uma mistura de tensão e desejo. Ela observava, à distância, os movimentos dele: os dedos rápidos no teclado, o jeito como ajeitava a gola da camisa, o sorriso torto quando falava com os colegas. Cada gesto parecia cuidadosamente ensaiado para provocá-la — embora ela soubesse que ele não fazia por mal. Talvez nem soubesse.
À noite, sozinha em casa, Letícia o procurava nas redes sociais. Achou fácil. Fotos de viagens, cafés chiques, praia no fim de semana. E lá estava ela: a namorada. Cabelos claros, corpo escultural, sempre ao lado dele com legendas que falavam de amor e parceria. Letícia sentiu uma pontada. De inveja? De frustração? Talvez das duas.
Mesmo assim, não conseguiu deixar de seguir. Era como um veneno doce. Quanto mais olhava, mais desejava. E ao mesmo tempo, se culpava.
No escritório, os olhares entre eles se tornaram mais frequentes. Curiosos. Cúmplices. Ele sempre vinha até a mesa dela por motivos que pareciam desnecessários — pedir ajuda com um relatório, confirmar detalhes de uma reunião, elogiar discretamente uma ideia dela. E em cada aproximação, a pele dela se arrepiava com o simples toque dos dedos dele em seu ombro ou no braço.
Uma tarde, ao passarem juntos pelo corredor estreito, ele murmurou:
— Esse seu perfume... é perigoso.
Letícia parou por um segundo, surpresa. Quando olhou para ele, Rubem já sorria e se afastava, deixando no ar não só o comentário, mas uma tensão impossível de ignorar.
De volta à mesa, ela cruzou as pernas com força, como se pudesse conter aquele calor que crescia entre elas. Queria não sentir. Queria ser racional.
Mas Rubem mexia com algo mais profundo. Algo que ela já não conseguia controlar.
Capítulo 3: Aproximação
Desde aquele dia em que ele elogiou seu jeito de focar, o comportamento de Rubem mudou. Mais sorrisos. Mais toques sutis — no ombro, no braço, na mão ao passar um café. Letícia sentia cada contato como uma pequena faísca acendendo algo maior dentro dela.
Ele vinha à mesa dela com frequência. Mostrava um meme, perguntava sobre um arquivo, fazia comentários sobre o dia. Tudo aparentemente banal. Mas Letícia sabia — havia um subtexto. Um jogo silencioso.
Certa tarde, enquanto ela imprimia relatórios na copiadora do fundo, ele se aproximou por trás. A proximidade era íntima demais para o ambiente. Letícia ficou imóvel por um instante, sentindo a respiração dele perto de sua nuca.
— Você sempre cheira tão bem… — disse ele, a voz baixa, quase um sussurro.
Letícia engoliu seco, tentando se manter firme.
— É só perfume. — respondeu, sem virar o rosto.
— Não. É você.
O coração dela disparou. Quando finalmente se virou, os olhos de ambos se encontraram, e por um segundo o tempo pareceu parar. A tensão entre eles era palpável. Mas ele se afastou, com um sorriso enigmático, e voltou para a mesa dele, deixando Letícia com os pensamentos embaralhados — e o corpo em brasa.
Era só o começo. E os dois sabiam disso.
Capítulo 4: Depois do Expediente
Na sexta-feira, o clima na agência era de pressa e cansaço. Um cliente importante exigira uma campanha urgente, e Letícia e Rubem foram os encarregados de terminar tudo antes da meia-noite.
Com todos os colegas já indo embora aos poucos, os dois ficaram sozinhos. A luz fria do escritório e o som do teclado preenchiam o silêncio. Até que Rubem sugeriu:
— Vou pedir uma pizza. A gente merece.
Letícia assentiu, sorrindo, tentando esconder o nervosismo que crescia dentro dela. A pizza chegou. Eles comeram rindo, trocando histórias e confidências. Até que, entre uma mordida e outra, Rubem ficou em silêncio, apenas a olhando.
— Você sente também, né? — perguntou ele, a voz grave, os olhos firmes.
Letícia demorou um segundo para responder. Mas não precisava.
Ele se aproximou, passando os dedos suavemente pelo braço dela, até tocar seu queixo. O beijo veio quente, decidido. Os corpos se colaram como se estivessem esperando por aquilo há semanas.
Rubem foi direto, com fome. Beijava o pescoço de Letícia, acariciando seu corpo por cima da roupa. Ela já arfava quando ele tirou sua blusa com delicadeza, revelando os seios enrijecidos.
Beijou as mamas com desejo acumulado, as mãos explorando sua cintura, sua pele quente. Letícia retribuía, puxando-o pela camisa, abrindo os botões com pressa. Ele a ergueu pela cintura e a sentou sobre a mesa de reunião, onde documentos e ideias antes reinavam. Agora, o que dominava era o instinto.
Tirou sua saia e calcinha, ajoelhou-se e passou a língua devagar entre suas pernas. Ela gemeu, arqueando o corpo, entregue. Rubem a segurou firme, devorando-a com prazer genuíno, como se a conhecesse só pelo sabor. Depois, virou-a de bruços sobre a mesa, a fez apoiar-se com as mãos e a penetrou devagar — e fundo.
Os gemidos ecoavam pelas paredes, abafados, urgentes. O gozo veio forte, como uma explosão reprimida por dias. E depois, só os suspiros misturados, os corpos colados e suados, e a certeza de que a linha fora cruzada.
Capítulo 5: Segunda-feira
A segunda-feira trouxe com ela o peso da realidade. Letícia chegou cedo, tentando agir com naturalidade, mas tudo nela vibrava com a lembrança daquela noite.
Rubem também estava diferente. Um pouco mais tenso. Menos piadas, menos sorrisos. Mas no final do dia, quando todos já haviam saído, ele apareceu em sua mesa e deixou um bilhete:
“Não paro de pensar em você. Hoje, 20h? Restaurante do centro.”
Letícia hesitou. Ele ainda estava com a namorada. Ou não? Aceitar seria complicar tudo… mas recusar seria ignorar o que o corpo dela ainda gritava.
Às 20h, ela estava lá.
Durante o jantar, ele foi direto:
— Eu terminei com a Camila. No sábado. Não queria mais enganar ninguém.
Letícia não sabia o que dizer. Sentiu alívio, medo, desejo, tudo ao mesmo tempo.
— Não fiz isso por impulso — ele continuou. — Eu fiz porque, depois de sexta, entendi que eu não tava vivendo de verdade.
O jantar terminou com outro beijo, dessa vez mais suave. Eles não foram para casa juntos. Ainda não. Mas sabiam que aquilo não era só físico.
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Capítulo 6: O Amor Depois do Prazer
Os dias seguintes foram intensos. Rubem e Letícia agora se viam com liberdade, sem culpa. No trabalho, agiam com discrição. Mas nos encontros após o expediente, se entregavam sem reservas.
Na casa dele, ela sentia o toque dele como fogo e calmaria ao mesmo tempo. Faziam amor no sofá, no chão da sala, no chuveiro. Cada gemido era um pedaço do silêncio que viveram sendo rasgado. Não era mais só desejo. Havia carinho nos gestos. Havia sentimento no olhar.
Uma noite, deitada sobre o peito dele, Letícia perguntou:
— Você tem certeza de que não foi só tesão?
Rubem segurou o rosto dela com ternura e respondeu:
— Foi tesão, sim. Mas foi o tesão mais verdadeiro da minha vida. E agora, é mais. Muito mais.
Ela sorriu, sentindo o coração bater leve. O que começou com olhares e toques furtivos, agora era amor sem desculpas.
E assim, depois do expediente, nasceu uma história que nenhum deles esperava viver — mas que os dois decidiram não deixar passar.
O ar da cidade pesava nos ombros de Rafaela. Desde que completara dezoito anos, tudo parecia exigir decisões, pressa, maturidade. A escola tinha acabado, os amigos se dispersaram, e em casa… o clima não era o melhor. Por isso, quando sua avó ligou, convidando-a para passar um tempo no sítio perto da praia, ela não pensou duas vezes.
A viagem foi silenciosa, só ela e seus fones de ouvido. Mas assim que o carro chegou à entrada da casa dos avós, Rafaela sentiu algo mudar dentro de si. O portão de madeira, o cheiro de mato e maresia, o latido do velho cachorro da família. Tudo ali era familiar e, ao mesmo tempo, renovador.
Ela desceu do carro com um suspiro e caminhou até a varanda, onde a avó a recebeu com um abraço apertado e cheiro de bolo de fubá.
— Minha menina cresceu — disse, apertando-a nos braços. — Vai ser bom te ter aqui um tempo.
E foi ali que Rafaela viu Raline pela primeira vez em anos.
Sentada no degrau da varanda, com um livro nas mãos e os cabelos presos de forma despretensiosa, Raline ergueu os olhos ao som do portão. Seus olhos castanho-claros brilharam ao ver a sobrinha de criação.
— Rafa! — disse, levantando-se com um sorriso.
Rafaela se aproximou, meio sem jeito. Sabia que Raline não era tia de sangue, mas sempre ouvira o pai falar dela como uma irmã. Criadas juntas pelos mesmos avós, elas tinham esse laço quase fraternal. Mas, diante daquela mulher de 27 anos, de corpo firme e sorriso sereno, Rafaela sentiu um leve frio na barriga. Algo que não queria nomear.
— Você está tão diferente — disse Raline, observando-a de cima a baixo com ternura.
— Você também — respondeu Rafaela, sem saber onde colocar os olhos.
Nos primeiros dias, a convivência foi leve e divertida. Os avós mimavam Rafaela, enchendo sua mala de frutas, bolos e afeto. Raline era uma companhia gentil e divertida — acordava cedo para caminhar, lia muito, fazia playlists para ouvir enquanto cozinhavam juntas.
E Rafaela gostava disso.
Ela se sentia segura ali. Mas, ao mesmo tempo, havia algo crescendo dentro dela. Um incômodo doce, uma curiosidade inquieta.
E então, numa manhã de domingo, os avós anunciaram:
— Vamos fazer aquele cruzeiro que estávamos adiando há anos. Ficamos só essa semana com vocês e depois vamos viajar.
Rafaela sorriu, mas por dentro sentiu o estômago revirar. Ficaria sozinha com Raline. Só as duas. Durante dias.
E algo dentro dela já sabia que aquela casa — e a vida como conhecia — jamais seriam as mesmas.
Capítulo 2 – Laços Inesperados
A semana com os avós passou mais rápido do que Rafaela esperava. Entre almoços fartos, jogos de cartas e cochilos na rede, ela quase esqueceu o motivo de estar ali: fugir da confusão da sua vida. Mas havia outra coisa — ou melhor, alguém — que a distraía mais do que qualquer pôr do sol.
Raline.
Sempre sorrindo, sempre disposta. Ela era daquelas pessoas que sabiam preencher o ambiente, sem fazer esforço. E Rafaela se pegava observando a maneira como ela prendia o cabelo, como mordia o lábio quando lia, como dançava sozinha na cozinha ouvindo Elis Regina.
Na véspera da viagem dos avós, elas saíram as quatro para jantar em um restaurante de beira de praia. Rafaela usava um vestido leve, e pela primeira vez sentiu o olhar de Raline sobre si de um jeito diferente — sutil, rápido, mas presente. Aquilo fez seu coração acelerar.
Na manhã seguinte, os avós partiram com malas e promessas de fotos. Rafaela ficou na varanda, acenando até o carro sumir na estrada de terra.
— E agora somos só nós duas — disse Raline, surgindo ao lado com duas canecas de café.
— Parece até começo de filme — Rafaela respondeu, rindo.
— Filme de terror? — brincou Raline.
— Acho que mais comédia romântica.
As duas se olharam por um segundo a mais do que o necessário. E então viraram o rosto, rindo, como se tivessem pensado a mesma coisa, mas nenhuma tivesse coragem de dizer em voz alta.
A convivência entre elas se intensificou. Tomavam café juntas, passeavam de bicicleta pela praia deserta, exploravam trilhas no mato atrás da casa. Rafaela estava mais leve, mais feliz do que se lembrava de ter estado nos últimos meses. Mas também mais confusa.
Uma noite, estavam no sofá assistindo a um filme. Raline usava um short curto e uma regata solta. Rafaela sentia a pele da perna dela roçar levemente na sua. Tentava ignorar, mas a mente teimava em imaginar.
— Posso pintar suas unhas amanhã? — perguntou Raline de repente.
— Pode… — Rafaela respondeu, surpresa. — Mas você sabe?
— Eu invento, ué. Vai ser divertido.
Elas riram. Mas por dentro, o riso de Rafaela era nervoso. Porque queria mais que as unhas pintadas. Queria aquele toque. Queria entender por que o corpo reagia daquele jeito sempre que Raline estava por perto.
Na madrugada, acordou com sede e foi até a cozinha. Passando pelo corredor, viu luz saindo por debaixo da porta do banheiro. Ouviu a água do chuveiro. E, sem querer, a silhueta de Raline projetada contra o vidro fosco.
Ficou parada. O coração disparou.
Por que não conseguia parar de olhar?
Por que desejava tanto entrar?
Naquela noite, não dormiu bem. A imagem de Raline nua sob a água a acompanhou como um feitiço.
E Rafaela sentiu que, se não tivesse cuidado, seu coração — e talvez muito mais — estaria prestes a se entregar.
Capítulo 3 – Sozinhas na Casa
Com os avós longe, a casa ganhou outro ritmo. A ausência deles preenchia os cantos com um silêncio diferente. E aquele espaço entre elas, agora sem vozes para preencher, parecia mais íntimo.
Rafaela acordava tarde, Raline fazia café. Passavam as manhãs em silêncio leve, que aos poucos se tornava conversa, brincadeiras, provocações disfarçadas.
— Você tem cara de quem já partiu muitos corações — disse Rafaela um dia, enquanto as duas faziam panquecas na cozinha.
— E você tem cara de quem ainda vai partir alguns — respondeu Raline, sorrindo de canto.
À tarde, decidiram ir à praia. A maré estava calma, e o céu, quase dourado. Raline mergulhava com a leveza de quem conhecia o mar intimamente. Rafaela a observava, o corpo molhado saindo da água, a pele bronzeada refletindo o sol. O desejo começava a se confundir com carinho, admiração, curiosidade.
À noite, jogaram cartas. Depois viram um filme. E então, o que parecia inofensivo virou tensão pura: deitada no sofá, Rafaela encostou a cabeça no colo de Raline. Ela acariciou os cabelos da mais nova com os dedos, num gesto quase automático — mas íntimo demais para ser ignorado.
Os olhos de Rafaela se fecharam. O corpo, porém, estava em chamas.
Capítulo 4 – Olhares e Silêncios
Nos dias seguintes, tudo ficou mais sutil. Mais intenso também.
Rafaela começou a reparar mais nos detalhes: o cheiro do perfume de Raline, as covinhas quando ela sorria, o modo como seus dedos longos se moviam ao falar. E Raline… também observava.
Uma noite, jogavam conversa fora na rede, olhando o céu estrelado. Rafaela comentou:
— Você já se apaixonou por alguém que não podia?
Raline virou o rosto, surpresa. Sorriu devagar.
— Já. Acho que todo mundo passa por isso. O proibido tem gosto de mel e ferrão.
A frase ficou no ar, como fumaça.
— E você? — ela perguntou.
Rafaela hesitou. — Talvez.
Naquela noite, o silêncio não era só silêncio. Era espera. Era vontade represada.
Capítulo 5 – O Banho
Era fim de tarde. O calor castigava. Rafaela estava deitada na cama, pensando em tudo, em nada. Ouviu o som do chuveiro sendo ligado. Raline.
Sem pensar muito, pegou sua toalha e foi até o banheiro. A porta não estava trancada. Ela entrou, achando que não teria problema. Mas assim que entrou, parou.
O box era de vidro fosco. A silhueta de Raline se movia lentamente atrás da neblina.
— Raline? — sussurrou.
A outra abriu a porta do boxe com calma. A água escorria pela pele dourada, os cabelos molhados colados nas costas.
— Vai fugir ou vai entrar?
Rafaela não respondeu. Deixou a toalha cair e entrou.
Foi como se o mundo inteiro desaparecesse.
Beijos quentes, mãos afoitas, corpos colados sob a água escaldante. Raline explorava Rafaela com cuidado e desejo. Rafaela se entregava como se já tivesse esperado por aquele momento a vida inteira. Elas fizeram amor ali mesmo, com intensidade, com doçura, com fome.
Quando a água esfriou, continuaram ali, abraçadas, sentindo a respiração uma da outra.
Sabiam que, a partir dali, não havia volta.
Capítulo 6 – Depois do Vapor
Rafaela acordou antes de Raline. Estava deitada ao seu lado, enroladas no lençol branco como se o mundo tivesse pausado para elas.
Um medo silencioso bateu. Culpa? Não exatamente. Era mais uma inquietação, um “e agora?” que ecoava por dentro.
Raline acordou e a olhou com carinho. Passou os dedos pelos cabelos da mais nova.
— Está arrependida?
— Não… só tentando entender.
— A gente não precisa entender tudo de uma vez — disse Raline, encostando a testa na dela.
Beijaram-se novamente, com suavidade. Pela primeira vez, sem urgência.
Capítulo 7 – O Mundo Lá Fora
Os avós voltaram dois dias depois. O clima da casa mudou. Era preciso fingir que tudo estava como antes. Rafaela e Raline sorriam, conversavam, mas mantinham distância.
À noite, trocavam mensagens no quarto, mesmo estando separadas por poucas paredes. O desejo não havia sumido — apenas se escondia.
Uma tarde, na cozinha, Raline esbarrou propositalmente em Rafaela. Um toque rápido, um sorriso disfarçado.
O segredo entre elas ardia como brasa sob a pele.
Capítulo 8 – Confissões ao Luar
Num fim de semana, os avós foram visitar amigos. Rafaela e Raline ficaram sozinhas de novo.
Foram à praia à noite, sentaram-se na areia. O céu estrelado acima, o mar como testemunha.
— Eu pensei que era só curiosidade — disse Rafaela, olhando para o horizonte. — Mas não é.
Raline segurou sua mão. — Eu também não sei o que isso é… mas não quero perder.
Rafaela virou-se para ela. — Você tem medo?
— Muito. Mas o medo não é maior do que o que eu sinto quando te olho.
Beijaram-se ali, na areia fria, com o coração quente.
Capítulo 9 – Escolhas
Com o fim das férias se aproximando, Rafaela precisava decidir: voltar para a cidade e seguir a vida como se nada tivesse acontecido... ou ficar.
Conversaram por horas, dias. Raline tinha medo de assumir algo tão diferente, tão inesperado. Mas o amor entre elas já era mais forte do que qualquer receio.
Rafaela fez sua mala. Sentou na cama, chorando. Raline entrou no quarto.
— Se você for… vai me deixar em pedaços.
— E se eu ficar… vai me juntar?
— Vou. Todos os dias.
Rafaela deixou a mala de lado.
Capítulo 10 – O Amor Existe Aqui
Meses se passaram.
Rafaela decidiu morar com os avós, matriculou-se em um curso próximo. Raline continuava trabalhando de casa, escrevendo, lendo, cuidando do jardim.
Elas viviam o amor em silêncio, com olhares cúmplices, beijos escondidos sob as árvores, carícias na varanda ao pôr do sol. Não precisavam dizer nada aos outros. O que sentiam bastava.
Num fim de tarde, de mãos dadas diante do mar, Rafaela sussurrou:
— Eu achava que tinha vindo buscar paz… mas encontrei amor.
Fernando era um homem gentil, daqueles que sorriem fácil e sabem ouvir. Morava em outro estado, longe da família, onde construía sua vida aos poucos. Trabalhando, estudando, vivendo cada dia como dava. O que ele não esperava era encontrar Renata, uma mulher linda, intensa, com um brilho no olhar que hipnotizava.
Conheceram-se por acaso, em um evento de amigos em comum. A conexão foi instantânea. Em pouco tempo, os dois estavam inseparáveis. Saíam para jantar, riam juntos, faziam planos. Fernando se apaixonou. E depois de alguns meses, sentiu que era hora de dar um passo a mais.
— Quero que conheça minha família. Eles moram no interior, são simples, mas vão te adorar — disse, enquanto acariciava a mão dela.
Renata sorriu, aceitando o convite com entusiasmo.
A casa da família de Fernando era grande e rodeada por plantações. O céu parecia mais azul ali, o ar mais leve. Os pais o receberam com alegria, mas foi a irmã dele, Rebeca, quem ficou mais empolgada ao vê-lo.
— Até que enfim apareceu, sumido! — brincou ela, abraçando o irmão.
Quando os olhos de Rebeca encontraram os de Renata, algo aconteceu. Um choque interno, um silêncio estranho. Ela era... linda. Tão linda que chegou a doer.
— Você deve ser a Renata... — disse Rebeca, tentando disfarçar o impacto.
— Sou sim. E você é ainda mais bonita do que ele falou — respondeu Renata, com um sorriso leve.
Nos dias seguintes, Fernando se ocupou ajudando o pai, enquanto Rebeca se ofereceu para mostrar Renata os arredores. Saíam juntas todos os dias. Passeavam pelas plantações, conversavam por horas, colhiam frutas no pé. As mãos se encostavam às vezes — por acaso, ou não. E os olhares demoravam mais do que o necessário.
Até que, em uma tarde quente, Rebeca levou Renata para conhecer o rio escondido atrás das colinas.
— Aqui é o meu lugar favorito — disse, tirando os sapatos.
— É lindo mesmo... — Renata respondeu, observando a água cristalina.
As duas entraram no rio, ainda de lingerie, brincando como adolescentes. Molhavam-se, jogavam água uma na outra, riam alto. Mas o riso foi diminuindo, dando lugar a algo mais denso, mais carregado.
Rebeca encarou Renata por um instante, seus olhos mergulhados de desejo contido.
— Você é... maravilhosa — sussurrou, sem perceber que estava dizendo em voz alta.
Renata ficou em silêncio, apenas devolvendo o olhar, com o coração acelerado.
Mas antes que qualquer coisa acontecesse, o som do carro de Fernando cortou o momento. Ele havia voltado da cidade. As duas saíram da água às pressas, disfarçando.
No caminho de volta para casa, os olhares entre elas se cruzavam, tímidos, carregados de um desejo que nenhuma das duas ousava confessar. Era errado. Era confuso. Era proibido.
Mas era real.
A partir dali, passaram a fazer tudo juntas. Cozinhavam, colhiam ervas, preparavam doces, passeavam. Rebeca parecia ter esquecido o mundo lá fora, só querendo estar ao lado de Renata. E Renata... se deixava levar.
Mas nenhuma das duas tinha coragem de atravessar a linha. Até que um dia, o pai de Fernando o chamou para uma pescaria de três dias.
— Eu não sei... — ele hesitou. — Não quero deixar vocês sozinhas.
Renata sorriu, serena.
— Vai, amor. A gente vai ficar bem. Rebeca vai cuidar de mim.
O olhar entre as duas foi rápido. Mas dizia tudo.
Naquela noite, com Fernando longe, Rebeca convidou Renata para um passeio pela cidade. Visitaram uma feirinha, compraram flores, jantaram em um restaurante pequeno, com vinho tinto e luz baixa.
— Não sei o que está acontecendo comigo — disse Rebeca, depois da segunda taça. — Mas quando estou perto de você... sinto algo estranho.
Renata abaixou os olhos, mordendo o lábio.
— Eu também. E... aquele dia no rio... eu vi seu corpo. Achei lindo. E isso me assustou.
As duas voltaram para casa em silêncio, os corações pulsando forte.
No quarto de Rebeca, sentaram-se na cama com uma garrafa de vinho. A luz era baixa. Os rostos próximos.
E então, o ar ficou denso. O silêncio... perigoso.
Os olhos se encontraram. Os dedos se tocaram.
E nada mais parecia importar.
Capítulo 2: A Noite Queimava
O quarto de Rebeca estava silencioso, iluminado apenas pela luz amarelada do abajur. As taças de vinho estavam quase vazias, mas o calor entre as duas era mais forte que qualquer bebida.
Renata sentia o coração martelar dentro do peito. Rebeca estava linda, com os cabelos soltos caindo pelos ombros, o olhar intenso, os lábios úmidos. Estavam sentadas lado a lado na cama, os joelhos quase se tocando.
— Desde o dia do rio... eu penso nisso — murmurou Rebeca, quase sem coragem.
— Eu também. Penso em você... mais do que deveria — respondeu Renata, olhando-a nos olhos.
Rebeca se aproximou devagar, os olhos fixos nos de Renata. A mão dela tocou a coxa da outra, de leve, como se pedisse permissão.
— Isso é loucura... — sussurrou Renata, sentindo o corpo inteiro arrepiar.
— É. Mas eu não quero mais fingir que não sinto.
O beijo veio como um alívio e uma explosão. Macio no começo, depois profundo, urgente. As mãos se procuraram, os corpos se colaram. O vinho adormecia o mundo ao redor, mas os sentidos delas estavam mais vivos do que nunca.
As roupas caíram uma a uma, como se não houvesse pressa. Rebeca explorava cada parte de Renata como se estivesse tocando algo sagrado, desejado por tanto tempo. A pele dela era quente, cheirosa, e os suspiros que escapavam dos lábios deixavam Rebeca completamente entregue.
Renata a puxou para cima de si, os seios se tocando, o quadril se encaixando com perfeição. Os olhos não se desgrudavam. Era como se faziam amor não só com os corpos, mas com tudo o que sentiam, com toda a tensão acumulada nos últimos dias.
Gemidos baixos encheram o quarto, abafados entre beijos e mãos trêmulas. Rebeca descia os lábios pelo pescoço de Renata, depois entre os seios, e mais abaixo, até fazê-la estremecer de prazer. Renata a puxava pelos cabelos, arfando, gemendo o nome dela com os olhos fechados.
Foi intenso, quente, verdadeiro.
E quando terminaram, ainda nuas, cobertas apenas pelo lençol e pelo cansaço bom do desejo saciado, ficaram em silêncio por um tempo, respirando juntas.
— Isso muda tudo, né? — disse Rebeca, olhando para o teto.
— Já mudou — respondeu Renata, virando-se para ela, acariciando seu rosto. — Mas eu não me arrependo.
— Nem eu.
E então, adormeceram assim: entrelaçadas, como se o mundo lá fora não existisse, como se aquele momento fosse só delas.
Mas no fundo... ambas sabiam que, em breve, teriam que encarar a realidade. E Fernando.
Capítulo 3: Silêncio de Manhã
O sol invadia o quarto pelas frestas da janela, espalhando uma luz dourada sobre os lençóis amassados. Renata abriu os olhos devagar, sentindo o calor de um corpo ao lado. Por um segundo, achou que tinha sonhado — mas não. Rebeca dormia ali, nua, os cabelos bagunçados, os lábios entreabertos.
Renata a observou em silêncio, o coração apertado. A noite anterior tinha sido intensa, cheia de sentimentos e prazer. Mas agora… a realidade começava a se aproximar como uma tempestade silenciosa.
Levantou-se devagar, vestiu a calcinha e a camisa de Rebeca e foi até a cozinha. Precisava de ar. De tempo. De qualquer coisa que a ajudasse a entender o que estava sentindo.
Rebeca acordou pouco depois, e quando apareceu na cozinha, os olhos encontraram os de Renata. Havia um peso no ar, mas também uma ternura que nenhuma das duas queria negar.
— Bom dia… — disse Rebeca, com um sorrisinho tímido.
Renata abaixou os olhos, sorrindo de leve.
— Bom dia.
— Você tá bem?
Renata hesitou. Depois assentiu.
— Eu tô. Só... pensando.
— Eu sei. Eu também. — Rebeca se aproximou e segurou a mão dela. — Mas eu não me arrependo. E você?
Renata apertou os lábios, pensativa.
— Também não. Mas... ele é seu irmão.
O silêncio caiu entre elas. Denso. Incômodo.
— Eu nunca imaginei isso, Renata. Nunca me vi com uma mulher. Até você aparecer.
— E eu nunca me senti assim por alguém da família de quem eu estava com… — ela suspirou. — Mas com você... é diferente. Eu me sinto viva. Desejada. Vista.
Rebeca se aproximou, colando seus corpos de novo.
— Eu te vejo. E eu te quero.
O beijo veio outra vez, quente, urgente, cheio de fome. A camisa de Rebeca logo caiu no chão, as mãos de Renata explorando a pele já familiar. Beijaram-se ali mesmo, encostadas no balcão, como se o tempo fosse inimigo e cada segundo valesse ouro.
Rebeca se ajoelhou, beijando o ventre de Renata, acariciando suas coxas. E ali, no chão da cozinha, Renata gemeu seu nome, segurando nos cabelos dela, deixando o prazer tomar conta de tudo.
Quando se deitaram no tapete, ofegantes, entre beijos e carícias, o som de uma mensagem no celular interrompeu o momento.
Fernando.
"Oi, amor. Tudo bem por aí? Amanhã à tarde estou de volta. Com saudade."
As duas se entre olharam.
O tempo que ainda tinham era curto.
Mas a chama entre elas... estava longe de se apagar.
Capítulo 4: Entre Mentiras e Desejo
O carro de Fernando parou na frente da casa ao entardecer. Renata e Rebeca estavam sentadas na varanda, com expressões controladas e corações inquietos.
— Meu amor! — ele disse, sorrindo ao sair do carro. — Que saudade!
Renata se levantou, tentando manter a naturalidade. Abraçou-o, beijando-o nos lábios com cuidado. Um beijo sem paixão. Sem verdade.
Rebeca observou em silêncio, o peito apertado.
Durante o jantar, Fernando contava histórias da pescaria enquanto as duas trocavam olhares escondidos, como se a pele ainda estivesse marcada pelo que tinham vivido.
— Vocês se deram bem, né? — ele perguntou, empolgado. — Até parece que se conhecem há anos.
— A gente… se entendeu — respondeu Rebeca, com um meio sorriso.
— Ela é incrível — completou Renata, o olhar indo direto para a irmã dele.
Naquela noite, Renata dormiu com Fernando. Mas não havia mais entrega. Seus pensamentos estavam em outro lugar. Em outro corpo. Em outro toque. Ela se virou várias vezes na cama, até que finalmente levantou e saiu do quarto devagar.
Rebeca estava acordada, sentada na beira da cama.
— Eu sabia que você viria — disse, num sussurro.
Renata se aproximou e ajoelhou diante dela.
— Eu não sei como parar. Não sei como fugir disso.
Rebeca a puxou para um beijo, calando qualquer dúvida. Os corpos se encontraram outra vez, com urgência, com fome, com saudade do toque. Fizeram amor em silêncio, contido, abafando os gemidos em beijos profundos.
O prazer foi intenso, mas o depois foi ainda mais pesado.
— Não dá pra continuar assim, Renata. A gente vai acabar se machucando.
— Eu sei... — disse ela, com lágrimas nos olhos. — Mas e se… e se a gente se escolher?
O silêncio da madrugada pareceu dar a resposta que elas não conseguiram encontrar.
E a dúvida, agora, era: elas teriam coragem de enfrentar tudo?
Capítulo 5: O Flagra
O dia seguinte chegou lento e tenso.
Renata evitava os olhos de Rebeca. Rebeca fingia estar ocupada o tempo todo. Fernando, sem perceber nada, fazia planos sobre voltar pra cidade, sobre o futuro… sobre os três.
Mas entre Renata e Rebeca, tudo era silêncio e pulsação contida.
Elas mal conseguiam ficar no mesmo cômodo sem que o corpo gritasse lembranças da noite anterior. Os beijos. Os toques. Os sussurros. Tudo ainda vivo sob a pele. Mas agora coberto por uma camada de medo. E culpa.
À noite, deitada ao lado de Fernando, Renata tentava dormir. Ele acariciava seu cabelo, carinhoso… mas era como se tocasse outra pessoa. Seu corpo não reagia. Seu coração estava longe.
Levantou-se com cuidado, dizendo que ia beber água. Na cozinha, acendeu apenas a luz do fogão.
E ali, como se o destino conspirasse, Rebeca estava parada, com o copo na mão, de camisola, os olhos brilhando na penumbra.
— Você também não consegue dormir? — murmurou Rebeca.
— Não… — Renata suspirou. — Eu fico pensando no que a gente fez. No que a gente é. E em como eu tô me sentindo vazia sem você.
Rebeca se aproximou, devagar, como quem caminha sobre vidro.
— Eu tentei te evitar hoje. Mas cada vez que te vi… eu queria te tocar. Te abraçar. Te beijar.
— Eu também. Mas… e Fernando?
O nome dele pesou no ar. As duas se encararam em silêncio.
— Você é a mulher do meu irmão, Renata. Mas eu… eu me apaixonei por você. E isso tá me destruindo por dentro.
Renata segurou o rosto dela entre as mãos.
— Eu também te amo, Rebeca.
E ali, no meio do silêncio da madrugada, elas se beijaram. Sem culpa. Sem medo.
O desejo explodiu. A camisola caiu. Beijos se espalharam por pescoços, seios, ventre. As mãos se exploravam com urgência e amor. No chão da cozinha, entre sussurros abafados e corpos entrelaçados, elas fizeram amor.
Mas um som cortou tudo como uma faca.
— O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?!
Fernando estava parado na porta. Olhos arregalados. Boca aberta. O peito arfando de raiva e incredulidade.
Renata se cobriu às pressas, tentando encontrar palavras. Rebeca se levantou, o rosto pálido.
— Fernando… — começou ela.
— Vocês duas?! Vocês estão…?! — ele gritou, a voz embargada.
Renata se levantou, ainda nua, mas firme.
— Me escuta. Por favor.
— Não tem o que escutar, Renata! Era comigo que você tava! Comigo! E você… — ele apontou para a irmã, com os olhos cheios de lágrimas — você é minha irmã!
Rebeca chorava agora. Mas não recuou.
— Eu nunca quis te ferir, Fernando. Mas eu amo ela.
Fernando ficou imóvel. Depois, virou-se e saiu batendo a porta com tanta força que a parede tremeu.
O silêncio voltou, sufocante.
Renata abraçou Rebeca.
— Agora ele sabe. Agora o mundo desabou. Mas eu não me arrependo.
— Eu também não.
Elas ficaram ali, juntas, no chão, nuas e frágeis, mas finalmente livres.
Renata era uma mulher de rotina disciplinada. Todos os dias, antes mesmo do sol nascer, ela deixava o marido e as duas filhas ainda dormindo e seguia para a academia. Fazia seus 40 minutos de exercícios, voltava para casa e, sem pausa, preparava o café da manhã, o almoço das crianças, as lancheiras… Depois, as levava à escola e seguia para o ponto de ônibus, enfrentando uma longa viagem até seu trabalho. Saía às 7h e só retornava depois das 18h, exausta, mas determinada. Sua vida era entrega.
Naquela manhã, enquanto esperava o ônibus, Renata viu uma mulher diferente entre os rostos comuns da parada. Ela tinha cabelos longos, pretos como a noite, um corpo que chamava atenção pela harmonia e força, e um olhar firme. Ao notar que o ônibus estava atrasado, Renata se aproximou e perguntou:
— O ônibus da linha 102 já passou?
A mulher virou-se com um sorriso gentil:
— Ainda não. Estou aqui faz meia hora esperando.
E assim começaram a conversar. A mulher se chamava Helena. Trabalhava na cidade onde Renata morava e, como ela, levava uma rotina cheia. Helena contou que estudava para concursos, gostava de correr e pedalar, e que morava sozinha. Renata, por sua vez, falou da família, das filhas, da vida corrida e do cansaço constante.
A conversa fluiu com tanta naturalidade que parecia que se conheciam há anos. Quando o ônibus chegou, as duas sentaram juntas e continuaram trocando confidências, risadas e olhares atentos. Era o começo de algo inesperado.
No dia seguinte, elas se reencontraram. Renata, ao vê-la entrando no ônibus, sorriu e chamou Helena para sentar ao seu lado. Falaram sobre treino, corpo, vida. Trocaram elogios com um toque de brincadeira — e algo mais. Era sutil, mas estava ali.
A amizade floresceu rapidamente. Trocaram WhatsApp, começaram a se seguir nas redes sociais, e com o tempo, as conversas ficaram mais íntimas, mais frequentes. Marcaram uma ida à praia, um programa só entre “amigas”.
Mas naquele dia de sol, cerveja e mar, algo mudou. O olhar de Renata se demorava em Helena, especialmente quando ela vestia o biquíni. O corpo reagia de formas que ela não conseguia explicar. E quando Helena a elogiou, tocando no ponto exato entre o físico e o emocional, algo dentro de Renata despertou — um desejo silencioso, mas intenso.
À noite, já em casa, Renata sonhou com Helena. E quando acordou, percebeu que não era só um sonho.
Era desejo.
Era o início de um conflito — entre o que vivia e o que começava a querer viver.
Capítulo 2 – Desejo em Silêncio
O ônibus seguia seu caminho lento pelas ruas escuras. Algumas luzes da cidade ainda brilhavam nas calçadas, mas lá dentro, o mundo parecia outro. A luz interna estava apagada, havia poucos passageiros espalhados pelas cadeiras da frente — e, no fundo, apenas elas duas.
Renata sentia o coração bater acelerado, o som quase ecoando em seus ouvidos. Helena estava ao seu lado, tão perto que o perfume leve que exalava misturava-se ao ar morno do veículo.
— Posso? — sussurrou Helena, os olhos fixos nos dela, enquanto a mão pousava de leve na coxa de Renata.
Renata apenas assentiu. Estava ofegante, tomada por um desejo que queimava há dias. Sentia-se viva, pulsante, assustada e entregue ao mesmo tempo. Helena acariciou sua coxa devagar, subindo com os dedos como quem explora um segredo antigo. A respiração de Renata falhou quando sentiu os dedos contornando sua pele por baixo da saia.
A calcinha já estava úmida. Helena percebeu e sorriu no escuro.
— Você tá tremendo…
— É você… — Renata respondeu, quase sem voz.
Com cuidado, Helena afastou o tecido e tocou onde Renata mais queria. Os olhos de Renata se fecharam, e a cabeça tombou discretamente para trás. Os dedos de Helena se moviam com uma precisão quase mágica, suaves e intensos ao mesmo tempo. Cada toque fazia o corpo de Renata responder com tremores leves, pequenos gemidos abafados pelo som do motor do ônibus.
— Quietinha… — Helena murmurou, enquanto seu dedo entrava lentamente, provocando um arquejo contido de prazer.
Renata agarrou a mão de Helena, não para impedir, mas para guiar. Seus quadris se mexiam devagar, entregues àquele momento impossível e real. Era como se o mundo todo tivesse sumido, e restasse apenas o calor entre elas.
O clímax veio como uma onda quente, silenciosa, mas devastadora. O corpo de Renata estremeceu inteiro, e ela mordeu o lábio para não gemer alto. Helena a segurou com delicadeza, mantendo os olhos nos dela enquanto seu corpo relaxava.
Por alguns segundos, ficaram em silêncio. O mundo voltou aos poucos. O barulho do ônibus. As luzes da cidade. Os poucos passageiros adormecidos.
Renata sorriu, ainda ofegante.
— Isso… não deveria ter acontecido aqui…
Helena tocou seu rosto com carinho.
— Mas aconteceu. E eu não me arrependo.
Renata encostou a cabeça no ombro de Helena, o corpo ainda em chamas, o coração batendo descompassado — mas, pela primeira vez em muito tempo, sentia-se viva de verdade.
Capítulo 3 – No Escuro do Ônibus
O entardecer chegou abafado, o céu nublado refletindo o turbilhão que Renata sentia por dentro. Na parada, ela avistou Helena e sentiu o coração acelerar. O abraço das duas foi mais demorado, mais apertado, como se dissessem com os corpos o que ainda hesitavam em dizer com palavras.
O ônibus chegou vazio, como se tivesse sido reservado para aquele momento. Sentaram-se no fundo, lado a lado, longe dos olhares dos poucos passageiros.
As conversas começaram como sempre — sobre o dia, o trabalho, as crianças. Mas havia algo diferente no ar. Helena passou os dedos de leve sobre a coxa de Renata enquanto ria de uma piada boba. Renata estremeceu. Aquilo não era mais só brincadeira.
O motorista, distraído e cansado, apagou as luzes internas do ônibus. Foi como um sinal.
Helena sussurrou:
— Posso te tocar?
Renata mordeu o lábio e assentiu com um olhar cheio de desejo e receio. Abriu um pouco as pernas. A saia subiu, revelando a pele quente e arrepiada. Helena deslizou os dedos pela parte interna da coxa, devagar, como quem prova um segredo. A respiração de Renata ficou pesada.
— Sua pele tá queimando… — murmurou Helena, com um sorriso malicioso.
Renata inclinou o corpo para mais perto e sussurrou no ouvido dela:
— Tira tudo de mim... aqui... agora...
Helena puxou a calcinha de Renata devagar. Estava encharcada. Ela a segurou nas mãos, cheirou discretamente, os olhos brilhando de desejo, e disse:
— Você me quer assim mesmo... sem medo?
Renata gemeu baixo, afirmando com a cabeça, e abriu as pernas ainda mais.
Helena deslizou os dedos entre os lábios íntimos dela, sentindo a textura quente e molhada. Começou a acariciá-la com movimentos circulares, cada vez mais profundos. Renata agarrou o banco, a cabeça jogada pra trás, tentando conter os gemidos. O ônibus chacoalhava levemente nas curvas, aumentando o ritmo do prazer.
— Eu quero te ouvir... — sussurrou Helena, lambendo o lóbulo da orelha de Renata.
— Não posso... tem gente... — respondeu Renata, arfando.
— Então geme no meu pescoço… — disse, puxando Renata para um beijo selvagem e molhado.
Os corpos estavam quentes, colados. Helena penetrou Renata com dois dedos, devagar no começo, depois com intensidade. O gemido abafado de Renata se perdeu nos beijos desesperados, no cheiro da excitação, na adrenalina de fazer amor ali, escondidas.
Renata tremeu inteira quando o orgasmo veio como uma onda. O corpo se curvou, as pernas fecharam sobre os dedos de Helena, os olhos cerrados. Ela mordeu o ombro de Helena, ofegante.
— Nunca senti isso antes... — sussurrou, com lágrimas nos olhos e um sorriso nos lábios.
Helena a abraçou, acariciando seus cabelos.
— Porque agora... você se permitiu.
O ônibus parou. Elas se recompuseram como se nada tivesse acontecido, mas os olhares denunciavam: havia algo novo entre e
las. Algo intenso. Algo impossível de ignorar.
Capítulo 4 – No Silêncio do Quarto
Depois daquela troca de carícias no fundo do ônibus, Renata passou o resto da viagem em silêncio, tentando controlar a respiração e o coração acelerado. Quando desceu, seus passos estavam trêmulos e os pensamentos confusos — mas havia algo que ela não podia negar: queria mais. Queria Helena de novo. Inteira. Sem pressa. Sem medo.
No fim do dia, Helena mandou uma mensagem direta:
"Hoje foi só um aperitivo... quer vir aqui em casa amanhã depois do trabalho?"
Renata hesitou por alguns minutos. Pensou na família, nas filhas, no marido. Mas seus dedos escreveram antes que sua consciência interferisse:
"Quero."
Na tarde seguinte, ao sair do trabalho, ela não foi direto para casa. Pegou outro ônibus e desceu perto da casa de Helena. Suas mãos suavam. O coração batia alto. Ao chegar, Helena a esperava na porta, com um vestido leve, o cabelo preso de forma despretensiosa e um sorriso que parecia fogo disfarçado.
— Entra — disse apenas.
Renata entrou. O apartamento era pequeno, aconchegante. Luz baixa. Um som suave no fundo. Helena ofereceu vinho, mas Renata recusou. Não queria culpar o álcool por nada. Queria estar lúcida. Sentir tudo.
Sentaram-se no sofá, uma ao lado da outra. O silêncio entre elas era denso, cheio de tensão. Até que Helena falou, olhando nos olhos de Renata:
— Você pensou em mim ontem?
Renata apenas assentiu. Seus olhos diziam tudo. Então, sem mais palavras, Helena se aproximou e beijou-a com calma no início, como quem saboreia a espera. Renata retribuiu, mas logo suas mãos tomaram vida própria, explorando a pele de Helena com urgência.
Foram se despindo ali mesmo, no sofá. A roupa caiu como folhas de outono — uma após a outra, até que só restasse pele, calor e respiração.
Helena levou Renata para o quarto, deitou-a na cama e ajoelhou-se entre suas pernas. Olhou por um instante, como se admirasse uma obra de arte, e então começou a beijar devagar sua barriga, suas coxas, provocando, até alcançar o centro do desejo de Renata.
Renata gemeu, mordeu os lábios, segurou os lençóis. Nunca havia sentido aquilo antes. O toque de Helena era diferente de tudo — preciso, intenso, dedicado.
Helena explorou cada parte com a boca e com os dedos, com a paciência de quem sabia exatamente o que fazer. Renata se contorceu, pediu mais, e foi atendida. Vieram os gemidos abafados, os olhos cerrados, os arrepios que percorriam a espinha. O prazer tomou conta de tudo, inundando cada centímetro do corpo de Renata, que gozou mais de uma vez, sem vergonha, sem medo, sem culpa.
Depois, foi a vez de Helena se entregar, e Renata não hesitou. Quis dar tudo o que sentia em forma de toque, língua e desejo. Descobriu o gosto da pele de outra mulher, e aquilo a deixou ainda mais acesa.
No final, as duas ficaram deitadas, nuas, ofegantes, entrelaçadas como se fossem uma só. E ali, no silêncio do quarto, Renata percebeu: não era só tesão. Era mais. Era conexão. Era paixão em construção.
E ela não queria fugir disso.
Capítulo 5 – O Reflexo do Desejo
Renata acordou na manhã seguinte envolta em lençóis amassados, com o cheiro de Helena ainda impregnado na pele. A luz suave da manhã entrava pela janela, iluminando seu rosto, mas não conseguia afastar o turbilhão de emoções que a invadiam. O prazer que ela experimentara ontem à noite estava ecoando dentro dela, mas, ao mesmo tempo, um peso de culpa e confusão também a dominava. O que aquilo significava? O que ela havia feito?
Olhou para o celular. Mensagem de Helena.
"Boa manhã, linda. Dormiu bem?"
Renata sorriu, mas o sorriso foi breve. Ela não sabia o que dizer. Havia algo de tão intenso naquelas palavras que a deixava sem ação. Apenas olhou para o teto, esperando que a resposta viesse com o tempo. Ela não sabia o que o futuro reservava, mas sentia que não poderia mais ignorar o que estava crescendo dentro de si.
No trabalho, as horas passaram lentamente. Renata mal conseguia se concentrar. Imagens de Helena, de seus beijos, toques e carícias, invadiam sua mente a todo momento. O que ela queria agora? A certeza de que Helena sentia o mesmo? Ou a promessa de que ela poderia, finalmente, viver algo para si mesma, sem medo da sociedade, sem medo de seus próprios sentimentos?
Helena, por outro lado, também estava em um dilema. As mensagens de Renata estavam repletas de desejo, mas, em seus olhos, ela sabia que havia algo mais ali. Algo que ela não podia negar. Ela não estava apenas se entregando a uma paixão avassaladora. Estava se apaixonando de verdade. E isso a aterrorizava.
Ela pensou em como Renata parecia dividida, com a vida entre sua família e o que estava acontecendo com ela. Ela sabia que Renata não era uma mulher fácil, mas a atração entre elas era inegável. Tudo entre elas parecia verdadeiro. Mas o que isso significava para o futuro?
No fim do expediente, Renata saiu mais cedo do trabalho. Ela não queria mais ficar em casa. Sentia-se sufocada, como se estivesse dentro de uma prisão de sua própria criação. Queria ver Helena. Queria sentir mais uma vez os braços dela ao redor de seu corpo, sentir os lábios quentes em sua pele. Queria viver aquele desejo sem culpa, sem limitações.
Chegando ao ponto de encontro, viu Helena já à sua espera. O sorriso delas se cruzou antes que qualquer palavra fosse dita. Renata, sem pensar duas vezes, caminhou até ela e a beijou, não com urgência, mas com uma paixão mais profunda, algo que transcendeu a necessidade física.
— Vamos para casa? — Helena perguntou, em um sussurro entre os beijos.
Renata assentiu.
Chegando ao apartamento de Helena, a intensidade entre elas se acentuou ainda mais. As mãos de Renata estavam tremendo, e seu coração disparava, mas não havia mais volta. Helena a guiou até o quarto, onde a paixão se manifestou de forma ainda mais intensa.
Desta vez, não havia palavras. Só o som de respirações pesadas, corpos se tocando e se entregando ao que não podiam mais negar.
Helena a levou para a cama e a deitou. Seus dedos exploraram cada curva, cada linha de Renata, como se quisesse memorizar cada pedaço daquele corpo. Renata se entregou, sem medo, sem hesitar. Era como se fosse a primeira vez que ela realmente vivesse para si mesma, sem as amarras da culpa ou da vergonha.
Quando chegaram ao ápice, foi uma explosão de emoções. Renata não conseguia mais distinguir onde começava o prazer e onde terminava a dor de algo tão inesperado e real. Quando o silêncio se fez, as duas ficaram deitadas, entrelaçadas, com os corações batendo como se um fosse o reflexo do outro.
Renata se sentiu livre. Não era apenas o prazer físico que a preenchia agora. Era a descoberta de uma parte de si mesma que ela nunca imaginara existir. Algo que ela não poderia mais ignorar.
Helena, por sua vez, estava radiante. Sentia que havia tocado algo mais profundo em Renata. Algo que ela não imaginava que fosse possível em uma mulher que parecia tão fechada e reservada. Ela queria mais. Queria construir algo real, algo que fosse só delas.
Mas o que viria a seguir? O que as esperava na manhã seguinte? Renata poderia realmente deixar a rotina de sua vida para trás, ou ela teria que escolher entre dois mundos? Entre a mulher que ela amava e a família que ela jurara proteger?
6– Entre o Desejo e o Compromisso
Renata sabia que sua vida havia mudado. Nos últimos dias, ela se viu completamente imersa em uma mistura de sentimentos contraditórios. De um lado, havia a rotina familiar, o casamento com seu marido, suas duas filhas e as responsabilidades diárias. Do outro, a chama crescente de algo novo e intenso que havia despertado em seu coração e corpo. Helena era tudo o que Renata nunca imaginou querer, e ainda assim, ela não conseguia ignorar o desejo que queimava dentro de si.
Foi numa noite silenciosa, depois de mais uma conversa vazia com o marido, que Renata decidiu que precisava de uma mudança. O olhar de Helena, o toque sutil e inesperado, o desejo incontrolável que sentiu pela primeira vez em anos... tudo isso a levou a um ponto sem retorno.
Ela mandou uma mensagem para Helena, sentindo o coração acelerar enquanto escrevia: "Quero te ver, Helena. Hoje."
Helena respondeu quase imediatamente: "Onde e quando?"
Renata sabia que não podia mais continuar se escondendo. Ela precisava ser honesta consigo mesma, com seu casamento e com o que estava sentindo por Helena. Então, ela pediu para se encontrar em um lugar mais afastado, longe dos olhos de sua família, para poder respirar livremente. "Eu preciso de você agora", escreveu.
Helena a esperava em um parque tranquilo. Quando Renata chegou, a viu de longe, com aquele sorriso calmo e convidativo, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo. As duas se aproximaram, e logo a tensão entre elas foi palpável.
"Renata... eu percebo o que você está vivendo. Não precisa esconder isso de mim", Helena disse com voz suave, enquanto acariciava o rosto de Renata. Aquelas palavras, aliadas ao toque gentil, foram como um convite para Renata se entregar de vez àquele momento.
Renata hesitou por um segundo, mas logo a voz de seu próprio desejo a empurrou para a frente. Sem mais palavras, ela a puxou para um beijo. Um beijo profundo, quente, que selava o fim de uma era e o começo de uma nova história.
Helena a guiou até um banco escondido sob as árvores. Ali, na penumbra, sem a pressão do mundo ao redor, Renata se entregou ao prazer como nunca. O toque de Helena a fez sentir-se viva, desejada e, pela primeira vez em muito tempo, completamente ela mesma.
A cada carícia, Renata deixava de lado as inseguranças, o medo do julgamento e a culpa. Era como se, ao estar nos braços de Helena, ela encontrasse a versão mais verdadeira de si mesma.
Quando o dia amanheceu, elas estavam sentadas no banco, de mãos dadas, olhando o horizonte, com a paz de quem sabia que algo estava prestes a mudar.
"Eu não posso mais voltar atrás", Renata confessou.
Helena a olhou nos olhos, com uma expressão que misturava compreensão e carinho. "Eu não quero que você volte atrás. Eu quero você, Renata. Do jeito que você é."
Renata sorriu, sentindo a pressão de sua vida desmoronar, mas ao mesmo tempo, algo novo começava a nascer.
Na manhã seguinte, Renata enfrentou o marido com sinceridade. Ela sabia que era hora de encarar a verdade, não só sobre sua vida, mas sobre o que ela realmente desejava para o futuro.
A decisão de Renata foi difícil, mas necessária. Ela optou por seguir o caminho do amor verdadeiro, aquele que não se define por expectativas alheias, mas pelo que arde no coração.
E assim, ela e Helena continuaram seu caminho, com a certeza de que o amor, quando verdadeiro, não se mede em tempo ou limitações, mas na entrega mútua e no respeito aos próprios sentimentos.
A vida de Renata nunca mais foi a mesma, mas ela aprendeu que a felicidade não está em se conformar com o esperado, mas em se abrir para o inesperado. Helena não era uma simples paixão passageira, ela era a escolha de Renata. E, finalmente, ela se permitiu viver a vida que sempre quis.
Se quiserem continuação deixe nos comentários que faremos outro vídeo contando o resto da história