“O Rolê Mais Caro da Minha Vida”
Era um domingo bonito, daqueles que o sol bate de um jeito que até parece que Deus tá piscando pra gente. Fernanda, toda cheia de si, resolveu dar uma voltinha no Marco Zero, em Recife. Sabe aquele dia que tu sai só pra espairecer, bater perna e fingir que a vida tá perfeita? Pois bem, foi nesse clima que ela conheceu Cláudio.
O boy era simpático, conversador, meteu logo um papo bom. Deram uma volta, comeram um cachorro-quente raiz (aquele bem honesto, com purê, milho, batata palha e tudo que tem direito) e, claro, trocaram número. Porque nordestina que se preza não perde tempo, mas também não se entrega de bandeja.
Durante a semana, o bendito do Cláudio já veio todo faceiro:
— "E aí, bora sair de novo? Tô doido pra te ver."
E Fernanda, que não é besta, pensou: “Ora, se é pra sair, vamo sair direito!”
Fez o que qualquer mulher sensata faria: banho de loja, unha feita, cabelo na escova, sobrancelha na régua, aquele perfume que custa meio salário mínimo e, claro, a lingerie nova — porque a esperança é a última que morre, né minha gente?
O ponto de encontro? O famigerado restaurante chique do Marco Zero. Ela já foi logo pensando: “Hoje tem!”
Chegou lá, Cláudio já tava se achando:
— “Garçom, manda um chopp aqui... e uns petiscos daqueles, viu?”
Ela, toda plena, pediu só um drink pra dar aquela animada. Conversa vai, risada vem, e a cabeça dela já tava lá na frente… imaginando ele cheirando seu cangote, segurando no cabelo, ela de costa, ele de frente, de lado, de ponta cabeça… enfim, aquele amor selvagem que Deus permite e o motel abençoa.
Mas, minha filha… quando deu a hora da conta, veio a bomba.
O garçom trouxe a conta: R$ 300.
E Cláudio, com a cara mais lavada que banheiro de rodoviária, soltou:
— “Oxente... olha... só trouxe 200... tá faltando 100. E ainda tem o Uber... e o motel, né? Como é que faz?”
Fernanda ficou olhando pra cara dele, deu aquele sorriso amarelo, pensando: “É pegadinha do João Kleber.”
Mas não era, não. Era golpe mesmo.
Respirou fundo, olhou bem no fundo dos olhos do embuste e disparou:
— “Peste! Desgraça! Se tu não tinha dinheiro, pra que me trouxe no restaurante mais caro do Marco Zero? Era só ter me levado pra comer outro cachorro-quente e depois a gente ia pro motel resolver a vida! Eu sou mulher, não sou otária, não!”
Na força do ódio, tirou os 100 conto da bolsa, pagou o restaurante, segurou o orgulho, mas a vontade era jogar o prato na cabeça dele.
E não parou por aí não. O cabra começou a chorar. Isso mesmo, chorou!
— “Me perdoa, Fernanda! Eu gosto tanto de tu! Não sabia que era tão caro... vamo lá pra casa, só a gente dois, fazer um lovezinho...”
Fernanda olhou pra ele, com a paciência de um crente e a raiva de uma mulher traída e respondeu:
— “Ô meu filho, vá tomar vergonha na sua cara! Me respeite! Pegue seu beco!”
E o miserável ainda ameaçou se jogar da ponte.
— “Se tu não for comigo, eu me mato!”
E ela, já com a moléstia no couro, chamou um Uber, botou ele dentro, deixou na porta da casa dele e mandou logo:
— “Fique aí, que eu volto outro dia... pra nunca mais!”
Resumo da ópera: Fernanda pagou o restaurante, pagou o Uber pra levar o embuste pra casa, pagou o dela de volta, ficou sem transar e gastou até o que não tinha.
Moral da história: Mais vale um cachorro-quente sincero do que um jantar gourmet com macho liso.
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